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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Acidentes Motocicísticos

Há aproximadamente um ano e meio eu comecei a implantar um serviço de cirurgia buco-maxilo-facial no Hospital Municipal Eudásio Barroso no Município de Quixadá, no Sertão Central do Ceará. Trata-se de um hospital de referência em urgências traumatológicas para cercsa de 8 municípios da região, com uma população aproximada de 200.000 habitantes a ser atendida. É um hospital modesto, que enfrenta todos os problemas dos hospitais públicos brasileiros, ainda mais em uma região pobre do nordeste, mas as dificuldades são superadas com a boa vontade e a qualidade dos profissionais que lá trabalham. No hospital, temos um dia para operar no centro cirúrgico e damos sobreaviso o resto da semana, fazendo o atendimento de urgência dos pacientes que dão entrada no pronto atendimento do hospital. O fato que mais tem me chamado a atenção é o enorme número de vítimas de acidentes motociclísticos que atendemos no hospital. Na verdade, já sabia que atenderíamos muitos casos de acidentes com moto, dado que este é o meio de transporte da maioria absoluta da população local, mas considero a quantidade realmente alarmante. O trabalho de conclusão de curso de um dos meus alunos da graduação aborda o tema, e poderemos ter uma idéia melhor da situação, mas arrisco dizer que 90% dos casos atendidos no serviço são de acidentes motociclísticos e o pior, a maioria dos pacientes não usavam capacete e ainda por cima muitos estavam alcoolizados. No Serviço de Ortopedia o situação é a mesma, sem contar nos pacientes que não chegam nem a ser atendidos pois vão a óbito. Acho triste e vergonhoso que tantas pessoas, na maioria jovens, tenham que passar por cirurgias as vezes complexas e caras, fiquem afastados de suas atividades produtivas e sociais por vários dias e muitas vezes carreguem sequelas que podem ser incapacitantes para o resto da vida e, pior ainda, percam sua vidas de forma precoce e estúpida, deixando seus entes queridos inconsoláveis. É uma tragédia que tenho vivenciado dia-a-dia e com a qual nunca vou me acostumar. Tenho operado cerca de 2 a 3 pacientes por semana e a demanda só aumenta. Tenho a sensação de que algo imediato tem que ser feito, e não basta blitz para multar quem está sem capacete...precisa de muita educação para os jovens que serão os futuros condutores. Como dizia o neurocirurgião e professor da UFRN,Dr.Luciano Araújo, que conheci à época em que era diretor do maior hospital de trauma do RN "a diferença de moto para morto é apenas uma letra R".

Um comentário:

  1. Prezado Dr. Como tenho que auxiliar uma pessoa cujo filho nasceu com frenagem sublingual, qual seria a melhor época para a frenectomia, o mais cedo possível ( ainda bebê ) ou deve ser deixada para após o primeiro ano de vida. Agradeço a atenção. Saudações.endereço
    ofo@ism.com.br

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Former Resident Oral and Maxillofacial Surgery Program, UNESP/Araraquara. Professor of Oral and Maxillofacial Surgery and Head and Neck Anatomy at FCRS. Residência em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial pela UNESP/Araraquara Mestrado em Patologa Oral pela UFRN Professor Titular das Disciplinas de Clínica Cirúrgica I e II e Morfologia da Cabeça e Pescoço da FCRS